C2 - Estudo e Aprofundamento

Dando continuidade aos nossos estudos no Espaço Digital de Formação da Roda Educativa, ambiente que compõe o nosso percurso formativo em Gestão Educacional do Programa Trilhos da Alfabetização, continuaremos, neste ciclo, aprofundando um pouco mais nossas reflexões sobre o planejamento educacional, como foco na melhoria dos resultados de aprendizagem dos estudantes da rede de Itaguaí e em como a implementação de Ação Institucional em todas as escolas da rede, colabora para esta melhoria.
Ser alfabetizado é um direito social constituído e conquistado historicamente. Assim, na medida em que, no Brasil, política e pedagogicamente, cada criança tem o direito fundamental de estar alfabetizada, até os oito anos de idade, isto exige que todos – professores, gestores educacionais nas diferentes esferas do poder e a própria sociedade civil – assumam o compromisso e a responsabilidade de garantir que todas as crianças, de fato, se beneficiem desse direito de forma igualitária. Significa, portanto, proporcionar às crianças condições de igualdade para expressarem suas escolhas e exercerem sua cidadania, em qualquer situação social, independentemente de condição econômica, religião, estrutura familiar ou origem cultural.”
Documento Elementos conceituais e metodológicos para definição dos direitos de aprendizagem. Alfabetização na idade certa. MEC. Brasília, 2012.
Em nosso processo formativo, temos refletido sobre algumas questões que envolvem a melhoria das aprendizagens dos estudantes e a urgência da melhoria dos resultados dos dados educacionais das escolas da rede de Itaguaí.
Trouxemos no EDF do Ciclo 1 uma importante reflexão sobre os fatores que envolvem uma aprendizagem de qualidade e uma análise do grupo em relação ao que é preciso olhar neste momento em Itaguaí para que as/os estudantes avancem e, sabemos que olhar para o trabalho da Gestão Escolar é um movimento importante para o trabalho da Gestão Educacional, afinal a diretora ou o diretor deve ser o garantidor de direitos, o guardião das aprendizagens no ambiente escolar, coletando informações diárias sobre aprendizagem, frequência e clima escolar. Por este motivo, olhar para a pauta formativa do encontro que acontece com os gestores escolares da rede, bem como o conteúdo do espaço Digital de Formação, pode ser uma boa estratégia de acompanhamento do trabalho realizado nas escolas.
Neste ciclo, convidamos você, integrante da gestão educacional de Itaguaí a acompanhar o movimento esperado nas escolas, com foco na melhoria das práticas de linguagem por meio da implementação da Ação Institucional, pois embora saibamos que a alfabetização é um direito de todos/as e que nem todos/as aprendem da mesma forma nem no mesmo ritmo, é comum que as diferenças - que seriam naturais nesse processo - tornem-se defasagens ao longo do tempo, fazendo com que alguns fiquem “para trás”, por não terem tido o apoio específico e adequado nos momentos em que precisaram.
Para aprofundarmos nosso olhar sobre a questão da equidade e das políticas públicas do município voltadas a sua garantia, separamos alguns materiais para avançarmos nessa conversa.
Em uma aula ministrada recentemente no minicurso Possibilidades para a Alfabetização nas Redes Públicas de Ensino, da cátedra da Educação básica da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, a diretora executiva da Roda educativa Patrícia Diaz afirma que a alfabetização não é responsabilidade apenas dos e das/os professoras/es alfabetizadoras/es. Ela destaca ser necessário haver o compromisso das/os demais educadoras/es e toda uma rede de articulações para que sejam asseguradas as condições para que os estudantes se alfabetizem.
De acordo com Patrícia, “Não dá para
pensar no método, material, formação de professores e avaliação sem saber qual
é o referencial que vamos usar para a nossa meta. Onde vamos chegar nesses
primeiros anos do Ensino Fundamental? A alfabetização é um tema controverso e
de muitas disputas, com visões que partem de lugares diferentes, muitas vezes,
antagônicos. Mas quando a gente desfoca dessas polêmicas e olha para as pessoas
que queremos formar e do que se trata essa alfabetização, essa pessoa que se
quer alfabetizada atuando na sociedade, a gente consegue alguns consensos e
alguns pontos mais firmes para essa discussão”.
Vocês podem acessar a matéria completa neste link: Alfabetização não é responsabilidade única de professoras/es - Roda Educativa.
A especialista define quatro pontos como norteadores do trabalho a ser desenvolvido pelas redes:
Quem
é a pessoa alfabetizada que queremos para o nosso país?
Há
projetos estruturados de alfabetização nas redes públicas de ensino? Como eles
estão alinhados com as avaliações que são realizadas?
Como
está acontecendo o atual Compromisso Nacional Criança Alfabetizada?
Quais
são as possibilidades para pensar o trabalho da gestão educacional na
perspectiva da alfabetização nas redes públicas de ensino?
Além da definição das concepções de criança, do papel do professor e dos gestores, dos projetos desenvolvidos, Patrícia destaca também a importância da definição da concepção de avaliação - e o seu impacto na formação continuada - para que ela possa funcionar como uma aliada e impulsionadora da política pública:
A
avaliação das aprendizagens é processual e contínua;
É
essencial que se destaquem os conhecimentos adquiridos, considerando os pontos
de partida de cada estudante, e não apenas os que faltam, pois é isso que vai
dar as pistas necessárias à continuidade do ensino;
O
conteúdo a ser avaliado precisa ser coerente com o processo de alfabetização
dentro de seus contextos e com as oportunidades oferecidas para que todas/os
as/os estudantes avancem;
As
redes de ensino, bem como as escolas, precisam reorganizar seus planos e suas
políticas educacionais, em especial a de formação a partir das avaliações
internas e externas, investindo esforços em analisar também o equilíbrio
necessário entre o tempo e os recursos dedicados para a avaliação e as
condições oferecidas para o ensino e para a aprendizagem (evitando a
sobreposição de avaliações nacionais, estaduais e, às vezes, dos próprios
municípios em detrimento de investimentos endereçados à formação continuada,
planejamento, etc.).
Você pode ter acesso à aula na íntegra
clicando aqui.
Na mesma perspectiva das reflexões propostas por Patrícia de definição da concepção de alfabetização da rede norteando as políticas públicas para a equidade, trazemos as contribuições da especialista em alfabetização da Roda educativa Paula Stella, em um webinário realizado em 2023, Equidade na alfabetização: um olhar atento para os que mais precisam, promovido pela Roda educativa em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre e o Instituto Gesto.
Na conversa com Camila Fattori, Paula Stella pontua importantes aspectos que precisam ser levados em consideração para que a aprendizagem de todos e de cada um possa ser garantida, favorecendo assim a equidade.
Separamos alguns trechos desta conversa para que você possa acompanhar quais pontos são destacados por Paula como cruciais para se promover uma educação com equidade.
Ao assistir aos trechos selecionados
reflita sobre as seguintes questões:
- O que Paula Stela traz em sua fala que contribui para pensarmos sobre a equidade?
- Que aspectos precisam ser considerados para promover uma educação para a equidade?
Como vimos no vídeo do webinário, o processo de alfabetização dá-se a partir da relação entre as descobertas motivadas pelo desejo de aprender dos estudantes e as situações intencionalmente planejadas pelas professoras. Estar alfabetizado implica
“apropriar-se da leitura, da escrita [...] a fim de participar efetivamente da sociedade na qual se encontra envolvida.”(INEP, 2015)
Assim, o processo de alfabetização vai muito além da decifração. Compreende tanto a aprendizagem do sistema de escrita alfabética como a apropriação da linguagem escrita e a inserção nas práticas sociais de leitura e escrita. Nesse sentido, torna-se fundamental um trabalho desenvolvido intencionalmente para atuar nos diferentes contextos para que todos os estudantes avancem nas suas aprendizagens.
Paula Stella destaca que a partir da nossa prática é comum observarmos que, principalmente na etapa da alfabetização, alguns estudantes se distanciam de seus colegas de turma em relação à construção do conhecimento sobre a escrita. Aos poucos eles vão ficando defasados e essas defasagens vão se acumulando, tornando as aprendizagens mais lentas e mais difíceis para esses estudantes. Por isso, observamos crianças que chegam ao 4º ou 5º ano e até mais longe na escolaridade sem ainda dominar completamente o processo e sem estar plenamente alfabetizado.
É a partir desta constatação que torna-se fundamental políticas que viabilizem um trabalho pedagógico que favoreça a identificação destes estudantes no início do processo de alfabetização e também ao longo de toda essa etapa da escolarização, para poder oferecer a esses estudantes a ajuda necessária para que superem a defasagem, avancem e se aproximem do restante da turma.
A partir das ideias trazidas pelas duas especialistas, reflita:
- Como essa discussão ajuda você e sua equipe a se organizarem?
- Como podem coletivamente elaborar um plano de ação para articulação da Secretaria com as escolas, para o acompanhamento das aprendizagens dos estudantes na implementação da Ação Institucional?
- De que maneira este plano ajuda você e a equipe da gestão educacional a ter maior proximidade com os diretores e auxiliá-los na elaboração de uma plano para a unidade escolar?