Olá!

Depois de ampliar o estudo, proponho agora uma alternativa de transformação prática voltada à promoção da equidade racial e do combate ao racismo na escola. Orientarei você para a realização de um trabalho de campo em sua escola com foco na observação dos diferentes espaços da sua unidade, conversas com a equipe escolar e análise das práticas que ali circulam, pensando sempre na equidade. 

Você conhece a estratégia de trabalho de campo? 

O trabalho de campo é uma estratégia formativa, em analogia aos chamados ‘estudos do meio’, em que se vai a campo coletar informações sobre um contexto específico. Esta prática permite ir a campo (escola/sala de aula) com uma intencionalidade formativa, buscando estimular a capacidade de observação e reflexão dos educadores sobre as situações e as marcas de ensino e aprendizagem que se evidenciam no cotidiano escolar e relacioná-las com os princípios e fundamentos declarados.” Fonte: Panico, Diaz, 2022 apud Pierro, Azevedo, 2024.


 Para saber mais

 Compreenda de forma mais aprofundada essa estratégia formativa por meio da publicação “O Trabalho de Campo como estratégia formativa em um programa de formação continuada”, disponível para download integral e gratuito no site da Roda.  

Como vimos até aqui, para realizar o acompanhamento das aprendizagens com foco na equidade é preciso reconhecer o impacto das desigualdades existentes na sociedade nas trajetórias escolares. No decorrer das atividades deste módulo, foi evidenciada a questão racial como um aspecto central a ser considerado para promover uma prática pautada pelo princípio da equidade. O trecho a seguir sintetiza essa importante constatação:

Como a desigualdade racial se transforma em desigualdade educacional? O primeiro ponto para entender essa questão é reconhecer que o racismo é um elemento estruturante da sociedade brasileira que foi legitimado e se tornou inquestionável ao longo do tempo – está presente em todos os espaços, inclusive na escola. No Brasil, apesar da diversidade étnico-racial, ainda persiste um currículo eurocêntrico e práticas pedagógicas que não garantem a todos o direito à Educação. O desafio é encontrar maneiras de dar visibilidade a essas contradições dentro do espaço escolar e propor ações para combatê-las.” Direção para os novos espaços e tempos da escola: como diretora e diretor podem atuar para uma gestão escolar com equidade  (Panico; Perez, 2022, p. 66).


A seguir você encontra um roteiro para a realização do trabalho de campo. Antes de desenvolver esta proposta de transformação, sugiro algumas ações de preparação. 

Converse com colegas da escola e procure formar uma dupla ou um pequeno grupo para realizar o trabalho de campo. A possibilidade de diálogo com outras/os profissionais torna a experiência mais enriquecedora. 

 Leia cada uma das perguntas orientadoras com antecedência para definir o foco.

 Para realizar o trabalho de campo, é importante explorar o espaço escolar. Além disso, durante o trabalho de campo, organize momentos de conversa com a equipe focando naquelas questões que não podem ser tratadas apenas por meio da observação do espaço escolar.

 Utilize o roteiro de observação para fazer os registros. O espaço reservado para observações é muito importante e deve ser utilizado para anotar tudo o que lhe chamar a atenção.

 Registre o processo por meio de fotografias e vídeos para enriquecer as discussões posteriores. 


Faça aqui o download do instrumento para realizar esta atividade. 

Após realizar o trabalho de campo será possível ampliar o entendimento do contexto da escola e, assim, reconhecer o que espaço escolar revela com relação às diferenças e à desigualdade. Para que as desigualdades relacionadas não sejam reproduzidas em seu interior é preciso intencionalidade. Esse é um momento de diagnóstico e levantamento das prioridades. É preciso constatar quais são as ações favoráveis já desenvolvidas e quais aspectos necessitam de maior atenção. Por isso, quanto maior for o envolvimento da equipe, maior será a construção da corresponsabilização pela transformação.

Os registros no campo das observações, as fotografias, os vídeos, as escutas e as conversas são indícios da realidade em que se atua e sua análise permite que as ações sejam direcionadas para o que são, de fato, as necessidades da unidade escolar. Entendendo que a busca por uma educação escolar antirracista e comprometida com a equidade é uma tarefa coletiva, é importante que o conjunto de elementos identificados durante o trabalho de campo possa ser levado para diálogos com outras/os profissionais, por exemplo, durante reuniões com suas/seus colegas de diferentes áreas dentro da escola. 

Agir para promover a equidade não é tarefa simples e requer, necessariamente, uma ampliação do entendimento sobre a relação entre as desigualdades sociais e suas consequências no contexto educacional. 

No módulo 1, você foi convidada/o a:

 analisar de que maneira as desigualdades presentes na sociedade brasileira podem impactar as trajetórias escolares, prejudicando o direito à educação;

 aprofundar o entendimento do que é equidade e da sua importância para o contexto educacional;

 elencar informações que, ao serem registradas nas fichas de matrícula, permitem conhecer melhor quem são as/os estudantes, dados essenciais sobre a comunidade escolar;

 identificar indícios de ações no espaço escolar que contribuem para uma educação para a equidade com foco em práticas antirracistas.

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